domingo, 4 de julho de 2010

Aracaju de 1855 à 1900

1 - Origem
A origem do nome Aracaju é em tupi, que possui várias interpretações por parte dos pesquisadores. Para alguns autores significa lugar dos cajueiros (ar – nascer e caju-fruto dos cajueiros), ou ainda vem da expressão ara acayu (ara – tempo e acayu - caju). Para outros possui outras significados, cajueiro dos papagaios (ará – papagaio e caju – fruto).
Podemos entender a partir destas interpretações, de origem indígena, o cajueiro influenciou e contribuiu na expansão dos índios que migraram no período da safra, motivando para as lutas entre as tribos locais.


2 - Inácio Joaquim Barbosa
Inácio Joaquim Barbosa ao chegar em Sergipe para assumir, em 17 de novembro de 1853, a presidência da Província, ele já tinha planos e a certeza de que era possível planejar e construir uma cidade, para servir de capital, para atender às necessidades para beneficiar as condições requeridas pelas atividades econômicas.
Apesar de que houve resistência por parte de alguns representantes da elite, assim como os moradores de São Cristovão, Inácio Barbosa foi persistente em seu projeto modernizador.


3 - Transferência da capital
A decisão para a transferência da Província de São Cristovão ocorreu com o objetivo para o crescimento do comércio e também, para a futura melhoria da sociedade e providenciar uma capital planeja e moderna.
Tudo o que era produzido em Sergipe deveria passar pela Bahia. Isso gerava perda nos lucros, pois o açúcar deveria ser exportado diretamente para os países consumidores e consequentemente na Província não existia um porto para escoar os produtos.
A Contiguiba era o porto principal de Sergipe, o escoadouro do açúcar. Por isso era preciso um novo porto mais propício para o escoamento do Cotinguiba.

4 - As primeiras construções
Sebastião José Basílio Pirro, foi o engenheiro responsável pela construção da nova capital, que planejava o traçado das ruas, como se fosse um tabuleiro de xadrez.Foi do alto da colina do Santo Antônio, que começou a ser construída a nova capital, num projeto que seria marcado pelo requinte de modernização.
´´Começava o combate do homem contra o riacho, contra o pântano, contra a lagoa, numa palavra, contra a água, o grande inimigo do povoador da nova cidade. Foi uma luta heróica do homem contra o meio físico, esta que se travou nas praias do Aracaju.”
Todas as primeiras casas e estabelecimentos eram construídos se levando em consideração o quadradro de Pirro, onde as casas deveriam ser erguidas de acordo com este projeto, havendo uma regularização e padronização destas construções.

5 - As dificuldades da nova capital
As circunstâncias desfavoráveis daquela quadra, incluindo a morte prematura do presidente, não impediram, contudo, o sucesso do projeto de mudança da capital. Os aterros se tornaram rotineiros e vararam o tempo, as doenças foram combatidas, as áreas das construções saneadas, e as obras fizeram de Aracaju um grande canteiro de trabalho, como atesta o relato da visita de Dom Pedro II e sua comitiva a capital sergipana, em janeiro de 1860. Aracaju foi, também, uma vitória da determinação, apesar de ser vítima de duas epidemias de cólera, sendo a primeira bastante violenta. Outro problema era água que era bastante insalobra e de cheiro ruim, atestada também pelo imperador. Aracaju, em sua primeira fase até o final do século XIX, sofreu com inúmeras doenças e falta de interesse dos governantes de Sergipe, que a deixavam de lado e cada governante não dava seguimento aos planos de outros governadores. Ou seja, a cidade crescia de gota em gota, com os esforços de uma elita que acredita que futuramente esta cidade iria vingar.



6 - A visita de D. Pedro II

Sendo ainda um jovem, que contava com 34 anos quando esteve em Aracaju, o Imperador Pedro II desceu do seu vapor vindo da Bahia, passando pela hoje famosa Ponte do Imperador e entrou na praça, misturando-se com o povo para cumprir uma programação que, durante dez dias, mostrou a Província visitando cidades como Aracaju, São Cristóvão, Laranjeiras, Maroim, Estância, o canal do Pomonga, o engenho Escurial. O imperador passou dois dias em Aracaju, enquanto esperava um vapor para seguir visitando outros Estados. Seu programa diário de visita em Aracaju significou uma vistoria das obras que estavam em curso na cidade, desde a mudança da capital, em 17 de março de 1855, além de verificar a educação da cidade, as condições de higiene e o povo daquela nascente cidade.




7 - A educação em Aracaju
O Atheneu Sergipense foi o primeiro estabelecimento de instrução pública de ensino criado em Sergipe, mas especificamente em Aracaju.
O colégio foi criado em 24 de outubro de 1870, no governo do Dr. Francisco Cardoso Júnior, então presidente da Província, regulamentando o ensino secundário.
Na época da sua fundação, o Colégio era composto de dois cursos diferentes: o de humanidades e o de escola normal. Por vários anos, o Atheneu Sergipense foi o principal e mais importante estabelecimento de ensino em Sergipe durante o século XIX, sendo marcante para a intelectualidade da sociedade sergipana.



segunda-feira, 4 de junho de 2007

A fúria da raça


A Fúria da Raça é um roteiro que visou o cinema. Relata detalhadamente os primeiros passos dos jesuítas que tinham o intuito de converter os povos do novo mundo e assim garantir a expansão do decadente catolicismo. A contra reforma aproveitou para ganhar forças catequizando os esquecidos índios do novo mundo, através dos jesuítas que levariam a palavra de deus. O roteiro mostra dois jesuítas que lutam bravamente contra as dificuldades impostas por índios indomáveis, por portugueses que buscam escravos e por fazendeiros que vêem neles uma ameaça à colonização de Sergipe. Os jesuítas vendo os índios cativos serem escravizados pelos portugueses, tentam a todo modo evitar o fato e chegam até a mandar cartas ao rei de Portugal e ao governador da província para que estes possibilitem a conquista da terra pela catequese e não pela espada. Dois novos jesuítas chegam a ser mandados pelo governador da província para intensificar a catequese, mas estes são mortos pelos índios rebelados já que estes não confiavam mais nos padres e os viam como porta vozes dos portugueses, apenas interessados em escravizá-los.

O roteiro retrata bem a relação entre os índios, os fazendeiros e os jesuítas. Como a criação de gado não era tanto lucrativa, os fazendeiros buscavam enriquecer com o tráfico de índios da região. Porém os jesuítas os protegiam nas aldeias, deixando os patrícios furiosos. Estes viam os padres da santa fé como um empecilho à colonização da região e os queriam fora, chegando a apelar com cartas ao governador, o mesmo fazendo os padres. Os jesuítas sabiam desse interesse pelo tráfico escravocrata e intensificavam a proteção aos índios, criando um conflito que resultou no extermínio de milhares deles. Após o assassinato dos dois novos padres jesuítas e de 150 soldados pelos índios rebelados, Cristóvão de Barros é enviado no comando de uma tropa que extermina as aldeias de Aperipê e Serigy, que eram os mais temidos da região. Dessa maneira, o território de Sergipe estava livre para a colonização portuguesa e para o domínio dos patrícios.

Os costumes nas aldeias indígenas e a relação destas com os portugueses e com os jesuítas são notados ao decorrer do roteiro Apesar dos padres sempre estarem contra o aprisionamento dos indígenas, estes começam a perder a confiança neles quando se vêem aprisionados pelos portugueses e relacionam os jesuítas como traidores. Ao notarem que os portugueses reuniam uma imensa tropa para invadir seu território, as aldeias começam a se juntar ao foco de maior resistência que era Aperipê, o temido chefe da resistência. Apesar da união de forças, grande parte dos indígenas é dizimada pelo exército de Cristóvão de Barros e restante é escravizado, dando início assim a colonização de Sergipe.

A autora mostra-se bem interada no assunto acerca a colonização sergipana e as problemáticas e conflitos dos primeiros habitantes. Enfatizou bem os costumes indígenas e como eles lidavam com a invasão européia em suas terras, mostra também a bravura e a resistência por qual persistiram. Uma obra delicada e sensível, sendo certamente neutra em relação a qualquer interesse e com o intuito certeiro em contribuir para um melhor entendimento histórico de Sergipe.


Mais sobre a autora, ILMA FONTES:
http://www.infonet.com.br/150anos/ler.asp?id=209&titulo=Entrevistas

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Os Jesuítas

A partir do século XIV a igreja católica deparou-se com a contestação de muitos de seus valores, a indignação da forma como alguns religiosos viviam de forma desregrada e a facilidade da venda de indultos. Isto acarretou um movimento de contestamento através de uma reforma doutrinal por parte de Lutero, originando uma batalha religiosa entre ambas à procura de novos fieis. Percebendo o enfraquecimento e temendo o desaparecimento da hegemonia da igreja católica, o papa através do Concílio de Trento buscou uma renovação para possibilitar a expansão do catolicismo através de uma contra reforma e assim adquirir novos adeptos no novo mundo através de seus guerreiros da fé: os jesuítas.


Como a Companhia de Jesus tinha uma militância forte nos países Ibéricos e estes estavam explorando as novas terras descobertas, ficou evidente que Roma enviou jesuítas para pregar e garantir que o catolicismo seria perpetuado e difundido no novo mundo. O primeiro grupo de seis missionários liderados por Manuel de Nóbrega chegou ao Brasil por volta de 1549 e aos poucos foi se espalhando por todo o litoral. Idealizavam a conquista da nova terra pela cruz e não pela espada. Observando que o mercado escravocrata dos indígenas por fazendeiros e portugueses estava em ascensão, os jesuítas protegiam os índios em suas missões, gerando conflitos de interesses. Os padres eram contra a escravidão dos índios e tentavam os proteger com sua catequese de maneira sutil, procurando entender seus modos de ser para passar os ensinamentos da religião de acordo com as crenças de cada tribo.

Apesar dos empecilhos com fazendeiros e portugueses e com as dificuldades diante da natureza, os padres jesuítas faziam jus ao codinome de guerreiros da fé. Sempre dispostos à construção de pequenas igrejas em cada aldeia, não se sentiam ameaçados em adentrar nos focos de resistências indígena. Levando a palavra de deus como força de vontade, conseguiam diálogo com os chefes das tribos e consequentemente batizavam os índios e principalmente os enfermos, garantindo-lhes que estariam fora do fogo do inferno.
Inúmeras missões acabaram sendo destruídas ou interrompidas pelo colonialismo português que buscava mão de obra escrava.

No século XVIII os jesuítas foram aos poucos sendo expulsos do Brasil e seus bens confiscados.

Mais sobre a história e missão dos jesuítas no Brasil:
www.jesuitas.com.br

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Os nossos primeiros habitantes


Os Tupinambás foram os povos indígenas mais numerosos e espalhados pelo Estado de Sergipe, habitando o litoral como faziam a maioria das tribos brasileiras. Haviam por volta de trinta aldeias que mantinha laços de parentescos e troca de interesses como matrimônios e atividades guerreiras.
As malocas abrigavam várias famílias que socializavam a maioria dos bens e a caça, a pesca ou a coleta. Cada maloca tinha um chefe que se unia aos outros chefes das outras malocas para definirem o rumo da aldeia ou se deveriam mudar de local, devido a falta de recursos daquela área.

Em relação ao trabalho, a mulher exercia o trabalho de casa e a maior parte do trabalho na roça. Já o homem derrubava a mata, preparava o terreno para o cultivo, caçava, pescava e realizava todo trabalho de construção da aldeia.
O homem Tupinambá poderia ter várias mulheres de acordo com o seu prestígio adquirido por sua generosidade, pelo respeito do seus companheiros ou por suas ações em guerras. O homem que possuía muitas mulheres tinha prestígio social e era visto como uma pessoa madura.
O papel da guerra estava inserido fortemente na cultura Tupinambá. Era através dela que o homem arrumaria uma esposa, teria elevação de status ou se vingaria de parentes mortos. Consequentemente era corriqueira a idéia de batalhar contra os seus rivais e preparar o quanto antes as crianças para tal ato, tornando-as guerreiras aptas a futuras batalhas.

O hábito antropofágico estava presente no modo de vida Tupinambá. Os prisioneiros das batalhas que eram aprisionados seriam levados à aldeia e viveriam entre eles por um tempo, sendo alimentados como um morador da aldeia e tratado como um parente. Era importante o prisioneiro mostrar a sua coragem e suas virtudes, já que o ritual antropofágico visava a digestão da carne como um meio de adquirir as forças vitais do prisioneiro.

Nossos primeiros habitantes se viram encurralados quando os colonizadores portugueses chegaram a suas terras e começaram a escravizá-los. Enquanto os padres jesuítas com suas missões tentavam a dominação pela cruz, os portugueses e criadores de gado estavam convictos na dominação com a espada. Alguns tupinambás chegaram a fazer acordos com franceses, na busca de fugir dos tormentos portugueses, porém a maioria foi dizimada pelos exércitos vindos da coroa e outros foram escravizados e vendidos para o trabalho na terra.


Área de prodiminância dos Tupinambás:

Mais informações:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Tupinamb%C3%A1



sábado, 21 de abril de 2007

Sobre Cultura

É inegável a tendência etnocentrista do ocidente em rotular em melhores e mais sensatos os seus valores e costumes e se referindo aos demais como bárbaros ou aculturados, da mesma forma que Roma subjugava o restante do mundo como ignorantes. Todos os povos têm a capacidade de se manifestar, seja através de pinturas ou musicalmente, deixando seu legado para as gerações provenientes absorverem, perpetuarem ou até promoverem suas mudanças de acordo com influências externas. Isso demonstra que toda sociedade não apenas desenvolve sua característica cultural como esta está sujeita a ter mutações ao decorrer do progresso humano.
Uma grande característica das sociedades contemporâneas é a diversificação interna. A diferença básica é o fato de que a população se posiciona de modos diferentes em relação ao modo de produção. De acordo com José Luiz dos Santos em ''O Que É Cultura'', a história da humanidade sempre foi marcada por contatos e conflitos entre culturas, isto é, entre modos diferentes de organizar a vida social, de conceber a realidade e expressá-la. Isto explica o porquê de guerras, das indiferenças entre os povos e da exclusão por qual passam os contestadores da história cultural e leis do dominador.
A idéia de uma evolução cultural única para as sociedades humanas é algo impossível, já que enquanto algumas sociedades vivem a era da revolução tecnológica, outras ainda têm costumes quase que medievais e lutam contra a fome e a sede, sem realmente se preocupar com a perpetuação da sua identidade.
É importante entendermos a diversidade cultural no momento em que vivemos para termos uma melhor interpretação da maneira em que nos comportamos. Mesmo porque esta diversidade não é só feita de idéias, mas também relacionada na maneira de viver e observar o mundo ao se redor sem causar perseguições a grupos sociais que são minorias ou de idéias contrárias à suas.

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Hisória Regional e Local

Há uma preocupação nos historiadores atuais em delinear melhor as diversas fases da história de acordo com o evolução do local e do tempo. A decorrência disto é o aprofundamento no estudos da micro-história ou a história que não está nos livros, tornando-a tão importante quanto os fatos ocorridos nas metrópoles ou nos centros onde havia e há um maior desenvolvimento tecnológico, tornando-o como um exemplo de cultura avançada e consequentemente de maior importância nos estudos históricos.
A busca da compreensão melhor desses centros periféricos mostrou que a nova história está se aprofundando no cotidiano daquele tempo estudado para ter uma maior base detalhista de tal sociedade e não apenas analisar seus fatos mais contudentes, como uma emancipação ou uma revolta. A importância do estudo cotidiano e detalhista de cada pessoa, familía ou grupo social, tende a superar a superficialidade das informações históricas e consequentemente ceder a este alvo do estudo uma importância tão válida e rica quanto qualquer outra mencionado no mundo.
É necessário a compreensão de que cada local está inserido em espaço de tempo cultural e tecnológico diferetente de outro, mesmo tendo semelhanças e peculiaridades em comum. Cada sociedade tem sua maneira única de se comportar e de ver o mundo. Enquanto países estão no geração da tecnologia robótica, outros ainda possuem sistemas de trabalho semi-escravistas... e os dois países na mesma aldeia global, se comunicando e trocando informações.
Diante disto notamos que a história local e regional não deve ser rotulada como inferior ou de menos importância, e sim ter o seu quinhão nos livros escolares como uma história de traços próprios que possivelmente foram influenciados forçadamente pelo imperialismo e pelo capitalismo.
A redescobrimento do Brasil, por exemplo, é uma tarefa que implica no entendimento das diferentes realidades que compõe a sua dinâmica histórica, demonstrando as imensas possibilidades inerentes à história local e regional.